quinta-feira, 25 de abril de 2013

Para autor de projeto sobre partidos, decisão do STF favorece infidelidad


Supremo suspendeu análise de proposta que prejudica novos partidos.
Para Edinho Araújo, Legislativo deve decidir momento de votar projetos.


Autor do projeto que dificulta que novos partidos tenham acesso a maior  tempo de propaganda de televisão e maior fatia do Fundo Partidário, o deputado Edinho Araújo (PMDB-SP) afirmou nesta quinta-feira (25) que a decisão do Supremo Tribunal Federal de suspender a tramitação da proposta pode levar à “apologia da infidelidade partidária”.
“O projeto não proíbe a formação de novos partidos, apenas reduz a cota do fundo e o tempo de TV. As novas siglas poderão se formar e terão a cota mínima. A proposta visa respeitar a fidelidade partidária. Acho que essa decisão do Supremo pode ensejar apologia à infidelidade partidária”, afirmou o peemedebista ao G1.
Na noite desta quarta (24), o ministro Gilmar Mendes determinou suspensão da tramitação da  proposta que impede que parlamentares que mudem de partido no meio do mandato transfiram para a nova agremiação parte do fundo partidário e do tempo no rádio e na TV da sigla de origem.
Pelas regras atuais, a maior parte do fundo e da propaganda eleitoral é distribuída de forma proporcional ao tamanho das bancadas.
Os defensores da proposta - parlamentares governistas - argumentam que o objetivo é frear a infidelidade partidária. Os críticos - principalmente parlamentares de oposição - dizem que a finalidade é desestimular candidaturas presidenciais para a eleição de 2014. Se sancionada, a lei tornaria menos competitivos novos partidos, como o Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva.
Edinho Araújo afirmou que cabe ao Legislativo decidir o momento de votar o projeto. Ele ressaltou que quando propôs as alterações, em setembro do ano passado, não havia previsão de criação da Rede Sustentabilidade.
“Entendemos que é papel do Congresso legislar. Havia um vácuo na legislação. O momento de apreciar a matéria é uma questão interna do Parlamento. O Congresso é que deve decidir. Temos eleição de dois em dois anos. Se formos ver por essa ótica, nunca apreciaremos o texto”, destacou.
Na decisão de suspender a tramitação da proposta, Gilmar Mendes destacou que a proposta foi aprovada na Câmara com "extrema velocidade de tramitação". Ele afirmou ver possibilidade de "violação aos princípios democráticos, do pluripartidarismo e da liberdade de criação de legendas".
"A aprovação do projeto de lei em exame significará, assim, o tratamento desigual de parlamentares e partidos políticos em uma mesma legislatura. Essa interferência seria ofensiva à lealdade da concorrência democrática, afigurando-se casuística e direcionada a atores políticos específicos", afirma a decisão.
Políticos que se articulam para criar novas legendas acusam o governo de motivação eleitoral, por não terem se mobilizado para aprovar a regra na época de criação do novato PSD, hoje um aliado do Planalto.
O partido se beneficiou da atual brecha na lei e garantiu, com decisões judiciais favoráveis, maior fatia do fundo partidário e da propaganda eleitoral com base nos deputados que abrigou.
Criado em 2011 pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, o PSD conseguiu no TSE e no Supremo Tribunal Federal assegurar as mesmas vantagens previstas para siglas que elegeram representantes para a Câmara dos Deputados, o que ficou conhecido no meio político como "efeito PSD". Apesar de não existir nas eleições de 2010, O PSD estreou como a quarta maior força política do Legislativo.

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